quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Meu carnaval pernambucano com paracetamol - Parte IV

Domingo, mais uma vez, eu estava muito indisposta. Enquanto as pessoas iam ficando na casa, eu ia também. A partir desse dia foram aparecendo mais doentes. Uns com sintomas parecidos com meu, outros com gripe, outros com 'piriri'. Preocupei com isso, na verdade. A casa já estava num ritmo um pouco lento, por fim, sempre o grupo estava desfalcado. Juro que nesse dia quis subir ladeira com meus pais, minha irmã, minha tia. Mas fiquei com a cama e meu paracetamol. Mais tarde vestimos nossos abadás (sim, nem vem, era abadá) e fomos pra rua. Na verdade pessoal ficou pra trás, fomos eu e a Paulinha, encontramos meus pais, ficamos ali admirando a muvuca. Por curiosidade, fui no posto de saúde. Tava ali perto mesmo. Muita gente com coma alcóolico e outras cositas más. Fui abrir meu coração com a médica sobre nossa situação e em particular a minha. Fiz o tal exame do laço, ela ficou confusa no número de pintinhas vermelhas, mas escreveu 'dengue' no papel e me pediu exame de sangue. Essa informação, em pleno domingo de carnaval, foi segredo (meu) de Estado até quarta. Não acreditei, fingi que não era comigo e depois do passeio, uma cama, um banho e um paracetamol antes da noite.

Sim, DA noite. Eu levantei, sabendo que estava sendo teimosa. Tudo doia, muita vontade de deitar. Mas sabe, era Pandeiro do Mestre, Coco Raízes e Jorge Ben Jor. E sou uma proletária, férias não é coisa que se tem todos os dias. Muito menos dinheiro pra chegar até Pernambuco. Eu sei dar valor às oportunidades. Os shows aconteceriam num pólo descentralizado chamado Nova Descoberta. Em 2009 falaram pra gente não ir, que seriamos assaltados com certeza. Esse ano resolvemos ir. O táxi foi se enfiando nos morros. Goiânia não tem favelas, tem periferias. Eu nunca tinha entrado num morro. Eu nunca tinha visto uma pobreza assim, de perto. Digo os botecos, as ruas, as casas. Era morro mesmo. O taxista chamou de 'favela urbanizada', que nem ele sabia chegar direito. Mas chegamos e sinceramente, o melhor polo que fui no carnaval! Muito grande, muito ar (precisa-se em Recife, tudo fede muito), muita família, muita gente que tava ali pra brincar carnaval. E tinha mesas e cadeiras, o que era ótimo caso eu não conseguisse mais curtir show de pé. Mas esse dia, ignorei mesmo a indisposição. Eu e meu paracetamol dançamos muito no show do Pandeiro do Mestre. Foi quando Reizim me disse: "Nádia, jajá a gente sobe!" e riu. Eu ri junto, pensando: "Ah tá!". Mais um tempo, Rodrigo: "Bora, Nádia! Vamos subir". E a gente subiu mesmo.

Tocar Coco de Goiás num pólo de carnaval numa favela em Recife, Pernambuco, berço coquista. Eu não sabia medir a emoção. As carinhas de orgulho dos amigos lá embaixo. De surpresa dos pernambucanos. De deslumbrados dos passarinhos. E de carinho dos membros do Pandeiro. Era muita gente, foi muita emoção. "Estão batizados", bem disse João com todo seu sotaque, produtor do grupo. Depois vem um pouquinho de Coco Raízes. Eles chegaram atrasados e tocaram pouco. Mas nunca os vi tão deslumbrantes. Eu tava apaixonada! Sensibilidade à flor da pele. Mas estava tudo redondamente perfeito entre eles em palco. Mas logo eles sairam pra dar espaço pra Jorge Ben. Desde junho, quando ele se apresentou no festival de inverno de Brasília, que não fui, mas toooodos meus amigos foram, eu queria muito ver um show! E vi, finalmente. De pertinho, bem espaçoso, tranquilamente. A noite já tinha valido. Ou não? Fomos convidadas pra dançar em palco com ele: eu, Bruna, Luanas, Izabela, Mariana, Paula... e fomos! Foi divertido, engraçado. Um pouquinho de vergonha (sério). Mas adorei dançar forrozinho com ele. Tá na história. Bom, tá bom por domingo. Hora de cama e paracetamol!

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