segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Uma opinião em período eleitoral

Por Marcelo Carneiro*

Ficamos vendo essa mídia comercial, a todo o momento, nos tratando como idiotas e seres não-pensantes e não-participativos.

Na área em que trabalho, a cultural, vivi nesses anos todos de Governo Lula, um amplo debate democrático e de mudanças para melhorar as condições, tais como, a desconcentração de recursos, a diminuição da burocracia, o melhor atendimento da comunidade em relação à cultura, criação de um plano nacional de cultura a longo prazo, criação de um sistema para unificar a cultura de todo o país, dentre várias outras coisas (e isso numa área que nunca foi prioridade em governo algum). Eu vivo isso e vejo melhoras muito acima, mas muito mesmo, em relação a governos anteriores e governos atuais de outros partidos de estados e municípios que não discutem, praticamente nada, com a comunidade interessada. As políticas só vêm de cima para baixo e ponto.

Isso é uma análise prática, do meu dia-a-dia, e vêm essas mensagens simplistas e, muitas vezes, de fontes desconhecidas e duvidosas, que apregoam que a Dilma é "terrorista” e “guerrilheira", e que o Lula é "analfabeto", "bêbado" e outras coisas mais. Dá licença, né? Eu quero um debate com um nível bem maior, onde podemos nos encontrar cada vez mais em reuniões, fóruns, seminários, congressos e audiências públicas, onde as pessoas podem colocar seus pontos de vistas, seus anseios, - e que sejam divergentes -, mas que sejam propositivos para um país melhor.

Não sou partidarizado, mas quero sempre ser politizado, com uma visão política mais ampliada e com intenções de melhorar de fato nossa comunidade. Ficar encontrando só os "podres do governo", como essa mídia comercial faz e ficar martelando o tempo todo, dá licença, de novo, né? Não estou dizendo que este governo não tenha corrupção e que é perfeito ou se quer chega num quarto do caminho para sê-lo, mas me parece que é a mesma coisa, de eu, como ser humano, cometer erros e chegar pessoas e ficar apoquentando o tempo todo que sou isso ou aquilo. E as minhas virtudes onde ficam? E a minha vontade de acertar, não vai ser discutida?

E se for assim, que venham outros “Lulas” e dêem a mesma abertura e os mesmos índices de desenvolvimento e crescimento que estamos tendo.Sejam bem-vindos “bêbados” e “analfabetos” dessa estirpe, temos muito que aprender com vocês!!!

E vamos sim, votar com consciência e com o coração, que sempre tem a melhor resposta!

* Produtor Cultural e diretor da Federação de Teatro de Goiás (FETEG)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Para mente e alma

Experiências musicais garantem prevenir e aliviar o estresse. Criatividade, sensibilidade e sociabilidade também são elementos que podem se desenvolver por meio dessas atividades

Trânsito, trabalho, família, relações sociais, diversidade de compromissos, corrida para o sucesso. Esses são alguns fatores da vida moderna que levam os indivíduos ao famoso problema do século XXI: o estresse. Viver na contemporaneidade exige adaptação e momentos de reflexão para que o indivíduo saiba enfrentar e se adaptar a determinadas situações. Contudo, cada organismo reage de maneira singular frente a elas, ora adaptando, ora sendo acometido de estresse. É o que afirma a musicoterapeuta e mestre em música pela Universidade Federal de Goiás, Fernand Ortins.

Nesse sentido, todas as pessoas estão sujeitas ao estresse, umas mais outras menos. Fernanda argumenta que esse sentimento, contudo, deve ser visto também sob uma ótica positiva. É ele que faz as pessoas viverem e realizar atividades. O que não deve acontecer é deixar o estresse tornar-se patológico, caso chegue nesse estágio. “O primeiro passo é averiguar o que está deixando a pessoa em estado de estresse e se possível em qual nível: alerta, resistência, quase exaustão ou exaustão. No último pode emergir problemas de saúde, como por exemplo, alguma doença cardíaca”, alerta a musicoterapeuta.

Para evitar cair em qualquer um desses níveis de estresse, há quem busque a música como forma de terapia. Corais, aulas de instrumentos e musicoterapia são algumas opções que acabam trazendo outros benefícios àqueles que evitam ou combatem o estresse.

Indo além


Elene Mota Tipple é regente do Coral Vozes e Cores e do Coral Infanto Juvenil da PUC-Goiás. Há mais de 25 anos a musicista está a frente dos coros e acredita que a música exige tal nível de concentração das pessoas que as forçam esquecer seus problemas. “O corista tem que se envolver de tal forma que ele se sente obrigado a desligar de outras preocupações. Há poesia, letra e melodia para pessoa refletir. Então ela se envolve de tal forma que naquele momento não tem nem condições de pensar em dificuldades”, diz Elene argumentando como a música ajuda a combater estresse.



Bruna Junqueira, 24, participou dos corais da PUC-Goiás (Primeiro Infantil depois Vozes e Cores) por quase 12 anos. Afastou-se da música por dois anos e foi quando se sentiu tomada por um sentimento de irritação constante. “Eu vivia nervosa. Foi quando percebi que era a falta de música na minha vida e minha irmã, buscando me auxiliar, me convidou a participar do grupo em que cantava, os Passarinhos do Cerrado”, testemunha Bruna.

Após dois anos de reencontro com a música, Bruna hoje afirma que, de fato, isso contribui de forma relevante para seu controle emocional e do estresse. “Hoje me sinto mais relaxada, eu vivia tensa! A música é algo que foge da rotina. Estimula a criatividade, exige outras inteligências e habilidades de você”, afirma Bruna. Elene também acredita que a música vai além, trabalhando sentimento, emoção e sensibilidade.

Essa criatividade estimulada pela música também é lembrada na musicoterapia. “O paciente ao vivenciar o tratamento musicoterapêutico terá a música como uma ferramenta auxiliar no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento ao estresse, de forma menos invasiva e, principalmente, mais criativa. A criação significa vida, saúde e realização pessoal”, afirma Ortins.

Alexandre Ariza é musicoterapeuta, mas também paciente. Ele afirma que chega de um jeito na sessão e sai de outro, pois elas mexem profundamente com suas emoções. “Nem sempre saio alegre, mas saio com outra freqüência de pensamento”. Elene também afirma que quando as músicas são mais alegres ou mexem com a emoção de certos coristas, eles saem diferente do encontro.

Socialização


Romanza de Vieira, como Bruna, participou do Coral Vozes e Cores por seis anos, se afastou por três e acabou voltando a participar do coro em março. A corista afirma que tem estresse o tempo todo por motivos variados, mas afirma que fazer parte do coral proporciona sensações de bem estar. Um dos principais motivos é a socialização. “Eu me divirto vendo meus colegas em palco, com os solos, comigo mesma e sei que isso proporciona algo de bom a mim”. Ela afirma, no entanto, que fazer parte do coral é ter compromisso. E mais compromisso significa mais estresse, mas afirma. “Estar aqui, conviver com pessoas que gosto me faz vir aqui”.

Bruna também reforça a capacidade de socialização da música. “Ela me permite conviver com outras pessoas e estar em outros ambientes que me fazem fugir da rotina. Isso me faz muito bem”. Alexandre reitera como a terapia favorece a socialização. “É diferente eu tocar em casa sozinho e tocar em grupo. Esse é o grande diferencial da música, como ferramenta terapêutica mas também desafio, pois aumenta sua tolerância”, argumenta.

Ele também reforça como a música ajuda a entrar em contato com outras pessoas. “Tocando junto, somos obrigados a nos perceber: isso ajuda a modificar a visão. Abre portas para harmonizar um grupo, para as pessoas se relacionarem melhor”, diz Alexandre. Elene Tipple também reitera a importância da música para socialização. “Quando se canta em grupo, há sempre um outro. Para haver harmonia, cantar à vontade, um tem que ouvir o outro e devem sentir respeito um pelo outro”, argumenta a regente.

Conhecendo a musicoterapia



Fernanda Ortins, que também é professora e musicoterapeuta de três diferentes instituições, afirma que a musicoterapia pode ser utilizada na diminuição e/ou prevenção do estresse, bem como no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento ao estresse (coping). O procedimento, para quem desenvolve essa terapia, é primeiramente, participar de uma entrevista inicial e relatar sua queixa. Depois o musicoterapeuta coleta seus dados sonoro-musicais que serão registrados em sua ficha musicoterápica. “A partir da história de vida sonoro-musical deste paciente é que os atendimentos musicoterapêuticos serão desenvolvidos”, afirma Fernanda.

As técnicas aplicadas ao tratamento variam conforme o perfil do paciente, sendo quatro experiências musicais musicoterapêuticas: re-criação, composição, improvisação e audição musical. De acordo com Fernanda, na primeira experiência o cliente pode executar, reproduzir, transformar e interpretar qualquer modelo musical existente. No segundo o terapeuta ajuda o cliente a criar canções, letras ou peças instrumentais. No terceiro o paciente pode fazer música a partir do tocar ou do cantar e pode ser individual e até em grupo. Por fim, na quarta experiência o paciente ouve música e responde à experiência de várias formas como silenciosa ou verbal.

Os resultados dessas experiências são variados, desenvolvendo sentimentos, explora aspectos de relações interpessoais, desenvolve criatividade, liberdade de expressão, melhora habilidades interativas e de grupo. “Por meio dessas experiências musicais musicoterapêuticas, a musicoterapia pode proporcionar o relaxamento, a redução do estresse, o controle da dor, a regulação de funções corporais, estimular imagens (fantasias, associações livres, memórias), energizar (por meio da danças, dramatizações, declamações etc.) e tranqüilizar” afirma a musicoterapeuta.