sexta-feira, 26 de março de 2010

Diz que entrevista

Daniela Guirra, matogrossense de nascença, goiana de coração e paulista por curiosidade, tem o pé em todo lugar do mundo, de alguma forma. Por Goiânia ela está envolvida através de fatores como amizade, talento, negócios e oportunidade. Junto à Carla Hagemann, que um dia foi sua chefe-sereia, abriu a cabeça, o coração e um negócio. Cansaram de fazer estampas pra fora, produzir calças apertadas com strass na bunda pra deixar a mulher bonita. A idéia foi deixar bonito o que já é. Ser prática e adaptar a roupa à mulher do século XXI: que acorda, trabalha, vai ao mercado, cozinha, leva filho ao médico e depois ainda vai a um jantar romântico.

Mas mais do que produzirem roupas, elas, junto ao marido de Carla, o Amarildo, quiseram ter um espaço pra conversar, falar da vida, ter ideias, mudar o futuro, quem sabe e também, vendendo roupas e acessórios! Eis que surge o espaço Bangalô, com propostas diferentes, porém complementares: Balaque e Lord Dogs. Nesse domingo, 28, eles apresentam a ideia do espaço com desfile Lord Dogs e Balaque, além de show dos Passarinhos do Cerrado. Quer entender melhor? Vem comigo!

Entendendo quem é essa tal de Bangalô

Qual a proposta da “Bangalô”?

O nome lembra uma extensão de um lugar muito bom pra você ficar: um bangalô na praia. Uma coisa que caiba você, seu amor, seus amigos e pronto. Quisemos fazer um mega bangalô pra matar saudade, ler livro, comentar sobre um cd, ficar à vontade, como quando você fica em frente ao mar. Entrar no nosso espaço e se sentir fora e ao mesmo ao tempo dentro de um lugar que muita gente não sabe ou não está sabendo que está lá. Feliz, é isso.

Como se configuram Balaque e Lord Dogs dentro de uma única proposta? O que as aproxima o que as distingue?

Quando pensamos no espaço, que primeiramente não tinha nome, sempre tivemos muita vontade de ter um lugar pra chamar as pessoas que a gente gosta, que pudéssemos fazer parceria. Só poderíamos fazer isso fazendo o que a gente sabe: roupa. Acreditamos que a roupa pode comunicar muito, ela fala muito como você está, o que está vivendo. O que aproxima as duas não é o óbvio: uma é mais masculino e outra feminino, mas ambas, em públicos diferentes, em roupas diferentes, querem a mesma coisa: poder mudar algo, reunir as pessoas, que possam trocar informações, causar interação. Um espaço que pode ser mais do que um lugar que venda livros, roupas. O nosso objetivo maior é que as pessoas vão conversar lá, e saindo dali vão tocar a conversa em diante, mudar uma realidade. Uma coisa pequena que pode mudar o dia, o fim de semana. Desde uma música até uma proposta. Estamos sentindo nas poucas pessoas que freqüentam lá, que isso funciona.

Quem veste Balaque?

A Balaque surpreendeu muito. Inicialmente tínhamos a idéia que pessoas de 18 a 30 anos, no máximo 40 iriam gostar de Balaque. Mas muita gente foi gostando. Como deixar essas mulheres femininas sem deixar com roupa marcando corpo? Essa era a pergunta que fazíamos pensando na proposta Balaque. Não tenho como definir por faixa etária, tipo de corpo. Tanta gente se identifica, não é o tipo de marca que você fica esperando a filha provar alguma coisa pra ir embora. A filha prova e a mãe acha alguma coisa também, ou vice-versa. Todo mundo acha alguma coisa que quer. Já tivemos caso com meninas de 13 e de mulheres de 55 que se identificaram com algo. Eu tenho 24, Carla 43, e damos certo. A gente consegue um equilíbrio.

Como se identifica balaque na rua?

Você vai colocar a roupa e ela vai dar certo pra ir ao supermercado e também pra ir a uma super festa. Se fizer uma super produção, funciona. E se colocar só uma havaiana, funciona também. Ou seja, é a roupa dos nossos sonhos, que eu e Carla sempre quisemos ter no guarda-roupa. Atendo cliente e vou pro bar com a mesma roupa. Onde vou, me sinto bem. A gente é meio preguiçosa às vezes.

A balaque se identifica com a mulher século XXI. Mãe, mulher e profissional?

Claro! Vai ter reunião na creche. Ela está bem. Vai atender cliente. Está bem também. Vai ao mercado, está ótima. E ela não sofreu pra isso ao escolher a roupa, estava lá a Balaque no guarda-roupa.

Quem veste Lord Dogs?

Lord é voltado pro masculino porque quem desenha prioritariamente o Amarildo. Ele acredita na roupa, em cada peça que faz. Ele faz pra ele, realiza um sonho, mas quer que as pessoas usem isso também. As peças mais diferenciadas masculinas que existem no mercado são muito caras, e a Lord quer dar esse acesso. Ela propõe sair do básico. Os meninos também podem ousar. Também há um quê de transgressora, a linha da calça é neon e não é combinando com a calça. Ela pega o que é antigo, tradicional, como uma calça de alfaiataria, que nossos pais e avós usaram nos bailes, mas transformada em algo extremamente contemporâneo. Ela surpreendeu, pois vimos mocinhos conservadores começando a usar Lord, como algo mais justo, mais cavado. Quem nunca tinha usado, provou, identificou e comprou. Ainda não sabíamos como as pessoas reagiriam ao produto. Mas esse teste fez com que víssemos que a coisa pode ir mais além, e ir além do que a gente imagina.

Também é a coisa da mistura, acredita demais na reciclagem. Junta um pedacinho com outro e transforma numa peça incrível, com preço e visual muito bacana. Utiliza-se materiais não tão nobres, como o material de pneu utilizado para construir poltronas. Há uma pegada disco, rock. Achamos que ia ficar mais no universo masculino, mas atinge muita gente. O feminino está caminhando, mas nossa inspiração feminino pra lord são as meninas de blog. Essas meninas que têm seu blog, que colocam sua roupa que vai usar no dia, reciclam, garimpam muito, adoram um brechó. As meninas da lord dogs são mais montadas. Conseguem pegar uma peça chave da lord e transformar em mil coisas.

Como Bangalô se identifica com a cultura goianiense e com modo de vida das pessoas que vivem na capital?

Primeiro que pra quem vem de fora, sabe disso (meu caso, da Carla, do Amarildo): povo goiano é um povo do bem. Hospitaleiro demais. A gente sentia essa necessidade de chegar e poder freqüentar um lugar, até mesmo consumir, mas que não se sinta só como consumidor. Mas um lugar que as pessoas vão pra se sentir bem, conversar, acrescentar. A identificação mesmo com a cultura e pessoas daqui remete ao estilo de vida. As meninas, meninos, procuram algo leve, fácil de usar, porque é muito quente. Eu que vivi aqui, sei como é o dia-a-dia. Acordar e já estar calor. Pensamos no dia-a-dia dessas pessoas que moram aqui. Temos uma série de meninas recém-formadas e queremos muito vestir essas meninas, esses meninos, que estão acrescentando alguma coisa. Temos muito orgulho dessas pessoas que freqüentam aqui (risos).

Coleção outono-inverno

Quais os elementos que marcam a nova coleção?

A gente continua pensando a mesma coisa da primeira coleção: essas pessoas que vêm aqui, a gente já entendeu que eles querem vestir alguma coisa que seja prático. As pessoas estão sem tempo e sem saco pra se montar demais. A gente se baseou no que vivemos, o trânsito não ajuda, transporte também não e você tem que estar bem. Nosso inverno é ameno. A gente precisava pensar que não podíamos fazer nada pesado. Pensamos em algo que a pessoa pode tirar depois e carregar na bolsa. Não tem nada ‘surtado’ ou pensando em alguém que vá viajar pra fora do Brasil. Pensamos quem está aqui, que vive isso. Trabalhamos com texturas, misturando-as; veludo com renda, mantendo as malhas gostosas do verão passado, porque isso sempre dá certo em Goiânia e se torna uma peça atemporal. Todas as peças têm esse pensamento de você aproveitá-la em outras produções, ocasiões, com vários sapatos: voltado para praticidade sem deixar de ser feminino.

Quais as inspirações para criação da nova coleção?

Quem nos inspirou mesmo foram as pessoas que nós conhecemos e tudo que fizemos foi pensando nelas, que estão ao nosso redor, que são muito diferentes umas das outras. Conhecemos tanta gente diferente, e conseguimos fazer um panorama e definir que todo mundo pode ser feliz, que todos vão se identificar. A vida que as pessoas levam. Em todo momento a gente pensava. Será? Será que ela usaria essa manga? Será que esse comprimento faz sentido pra tal outra? Não que fizéssemos roupas específicas, mas pensamos na diversidade. Muita gente fazendo muita coisa. Nossa cabeça abriu muito.

Evento

O evento (desfile) consistirá em quantas etapas?

O evento se constitui em recepção, desfile da Balaque, depois da Lord Dogs, terminando com show dos Passarinhos do Cerrados apresentando do figurino.

Qual o objetivo do evento do dia 28?

O objetivo do evento é divulgar o Bangalô. Que as pessoas entendam que muita coisa pode acontecer dentro desse espaço. A gente acreditava que ia ser só nosso esse espaço, mas vimos que faz sentido pra muita gente e a gente viu que deveríamos fazer uma extensão desse nosso universo mostrando o que podemos fazer. A gente espera que as pessoas se divirtam, porque a gente quer se divertir.

A partir do primeiro desfile, quais efeitos esperam em relação ao desenvolvimento da Bangalô?

Tem muita gente se envolvendo, agregando, quase um movimento Bangalô. Isso tem acontecido desde a organização. A gente espera que as pessoas apareçam pra passar a tarde com a gente. Queremos que isso realmente se concretize, realize: que as pessoas se reúnam, conversem. Depois disso, aí sim, as coisas vão começar e vamos pensar “a gente não tava louco em pintar uma casa inteira e pensar que as pessoa vão lá passar tarde com a gente ao invés de assistir ao Faustão”.

Vestindo Passarinhos do Cerrado

Como surgiu a idéia de criar um novo figurino para o grupo Passarinhos do Cerrado?

Vontade, no meu caso, tive sempre. Há dois anos e pouco conheço a Carla. E desde que conheço Passarinhos, eu falo deles pra ela. E só quando ela assistiu ao show que foi entender o que eu estava falando e arrependeu de ter demorado de mais e não ter dado importância devida. Ela visualizou que tinha muito da gente na organização dos Passarinhos, na luta deles, a gente vê que eles acreditaram em alguma coisa, ninguém fazia daquele jeito e foram. Felizmente estamos andando junto: música, moda, design. Eu nunca soube definir o que era, e hoje vejo que foi uma identificação de desejo, de luta, fazer alguma coisa que ninguém fez ainda. Apostar, botar todas fichas, e fazer a coisa funcionar, isso que valeu. A gente fica muito honrada de fazer esse figurino.

Qual o conceito do figurino?

A coisa saiu da cabeça da Carla, eu palpitei, interferi, mas a ideia veio mais dela. Pelas nossas conversas o conceito é regional. Ficou muito claro que deveríamos pensar nas necessidades enquanto grupo: que se move, sua, precisa estar com algo confortável. Aconteceu uma identificação com as roupas Bangalô: algo que funcionasse. Se precisar tirar foto e receber alguém no camarim, você está linda ainda. Nossa inspiração tem algumas coisas subentendias: as cores de algumas árvores do cerrado, como ipês, mas algo sutil. Passarinho adora flor, árvore, então o item mesmo é muita flor nas meninas. É um conceito extremamente simples, mas diz muito sobre a banda, tem que ser alegre, porque depois que você vai a um show realmente, ou 300 mil como eu, você vê como as pessoas ficam felizes, quem não viu fala: como não vi antes. E quem já viu está se debatendo louco, dançando com desconhecido, aprendendo a dança. Ter acesso a alguma coisa que simplesmente não tinha aqui. Poderia ter outra banda com os mesmos instrumentos, propostas, mesmo assim não teria nada a ver. Compromisso com praticidade, com que funciona.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Stop, read, think

"Watch your thoughts
They become words
Watch your words
They become actions
Watch your actions
They become habits
Watch your habits
They become your character
Watch your character
It becomes your destiny"

Unknown writer

terça-feira, 9 de março de 2010

Um post inútil

Como eu sei que meu ano começou mesmo e que comecei já a ter uma vidacheia a la nadiawayoflife?

1. Consumo de coca-cola aumenta
2. Consumo de água e cerveja diminuem
3. Esqueço de comer
e quando lembro...
4. Fico louca numa porcaria
5. Faço menos carinho no Dalai quando chego em casa
6. Arrumo briga à toa com namorado
7. Escrevo mais na agenda (tentando organizar o tempo) do que no caderno durante a aula
8. Aumentam os meus 'nãos' pra sair e pra tomar cerveja
9. Sinto que ficar em casa é quase luxo
10. Meu celular vive cheio de lembretes

E, agora, vamos ao que interessa, que blog é que não é.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Uma aula que incomodou

Esse semestre vivo uma situação, digamos nostálgica, mas que acabou me causando preocupação mesmo. Estou tendo aulas na Filosofia com o professor que me deu aula no primeiro semestre de faculdade. Bem, a verdade é que ele me fez lembrar que eu estou no 4º ano de universidade (não necessariamente que vá formar esse ano, ok? Deixo isso pra 2011). Isso quer dizer que eu, supostamente, deveria dominar sobre juízos analíticos, soberania, moral, eu-trascendental, biopolítica e todas essas coisas. O que não ocorre. Mas, por outro lado, estar de novo com ele em sala, me botou pra pensar e pra recordar.

Você sabe quando sente cheiro de algo ou ouve músicas que te fazem lembrar exatamente de um determinado espaço/tempo? Isso aconteceu quando ouvi aquele vozerão grave do Wagner (professor). Lembrei do meu all star verde, das inúmeras cervejas na pamonharia com os novos amigos, das farras com os antigos, que hoje estão fora de Goiânia, dos meus tempos de teacher no Chicago. De quando eu tinha tardes livres para passar na biblioteca resolvendo os exercícios de lógica e do dia que fui ao quadro resolver um, acertei e fiquei feliz a ponto de até hoje não ter esquecido disso (o bicho pegava nessa disciplina!).


A verdade é que eu não tinha nem ideia do que era estudar filosofia. Nem pra quê isso serviria. De lá pra cá duas coisas aconteceram, de relevante. Pro desgosto de Wagner, eu não continuei a estudar lógica nem nada parecido. Minha grade é escancarada (diferente de aberta) o que me fez optar majoritariamente por disciplinas de filosofia política, por afinidade (descobrir o que se gosta em filosofia é uma grande coisa, demorei 1 ano e meio). A outra coisa é que estudar filosofia por três anos não me fez palpitar sobre fenomenologia, provar a existência de Deus, muito menos ganhar muito dinheiro. O efeito mais visível e denso até agora é um: eu fiquei muito chata e exigente. Ela te faz duvidar ou criticar (mentalmente, tb não fico verbalizando) quase tudo que se ouve por aí. E se os meus conselheiros falavam que a filosofia ia 'me ajudar' no jornalismo, ela, muitas vezes, me deixa é muito irritada com o que temos nessa área.


Ok, tudo isso pra falar da aula magna que tivemos no jornalismo na quarta-feira. Bem, o tema era: "Universidade: o caminho rumo ao sucesso profissional". Minha mãe e meu pai, nascidos de pais que não tinham nada pra deixar pros filhos ficarem brigando e da geração que começava a ralar cedo, precisavam da universidade para ter futuro profissional. Juro que não quero dispensar linhas falando dos novos passos pro sucesso, além de meramente estar na universidade. As livrarias estão cheias de best-sellers pra isso. Mas, sinceramente, ter ideia de que universidade serve para se ter sucesso profissional, e só, é coisa do século passado. Acho que quem sugeriu esse tema deve ter adorado a mudança de UCG para PUC, afinal, os curriculos vão ter mais uma estrelinha e isso é ótimo pros futuros profissionais. Mas ela não sabe que o que fez a universidade tornar-se PUC foi justamente o tripé: ensino, pesquisa e EXTENSÃO.

O Jornalismo dá passos de formigas para se desenvolver nisso, atuando hoje somente com projeto Ciranda e Semana de Cultura e Cidadania da universidade. Se há outros e não estou sabendo, identifico aqui outro problema. Não vou ser cruel e, de forma alguma, extender a crítica à PUC, que tem realizado e crescido muito em extensão. A Semana de Cultura e Cidadania não me deixa mentir. Mas, inevitável comparar. Enquanto a aula magna do jornalismo tem esse tema e chama ex-alunos recém-formados para mostrarem o quanto estão bem sucedidos aos 25 e falam o que temos que fazer para ser iguais a eles, o DCE da UFG convida Dom Tomás Balduíno para uma palestra com tema "A ciência em debate: por uma universidade popular". Ano passado o tema era "Universidade para Comunidade".

Agora em março começa um curso de especialização que é resultado da parceria entre UFG e Pontão de Cultura República do Cerrado. O objetivo é capacitar as pessoas que atuam nos pontos de cultura e a longo prazo pensam em capacitar também quem não tem graduação, realizar festivais, feiras, ou seja, extender mesmo a universidade à sociedade. Os projetos de incubadoras da UFG também estão aí pra provar que ela valoriza extensão, os alunos estão envolvidos e as ações interferem mesmo na sociedade de maneira afirmativa.

Bom, na verdade eu espero que em poucos anos o jornalismo da PUC possa fazer uma aula magna com tema relacionado à extensão e chamar para compor a mesa alunos que tenham a falar sobre a experiência de certo projeto de extensão que tenha trabalhado, e não quantos 10's tiraram e monitorias deram para que conseguissem chegar à redação de não sei aonde ou direção de marketing de não sei que empresa.