quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Meu carnaval pernambucano com paracetamol - Parte II

Em 2009, fato, o carnaval me impressionou e encantou mais. Mas, toda primeira vez tem seu valor único. Eu não conhecia nada. Eu nem tinha ideia de nada que me esperava. Foi quase como quando fui pela 2a vez à praia (a primeira eu não lembrava, nem de mar eu gostei), para Bahia, e só imaginava um coqueiro e um mar de desenho. Tudo foi tudo muuuuuuito mais legal, claro.
Bem, eu não sabia que o povo pernambucano era tão cultural e tão simpático. Também não sabia que TODO MUNDO MESMO participava do carnaval. Nem que ele era tão importante na vida da cidade. E também não tinha ideia do que era um carnaval popular - do povo, para o povo, pelo povo. (Ai, que fala política bonita).

Na verdade eu não tinha idéia que os caboclinhos significavam apresentações bem coloridas e ritmadas indígenas. Nem que o maracatu rural tinha um ritmo tão legal e os caboclos eram tão bonitos. Eu nem sabia que tinha dois tipos importantes de maracatu, pra falar verdade! Não tinha ideia que ia me encantar com aquela família real. Muito menos que tinha 9283091283 apresentações dessas por dia! Os blocos de frevo... hmm... okay. Talvez eu soubesse que tinham muitos. Mas não tantos. E o frevo, certo, é lindo! Mais lindo é ver todas as crianças dançando. Mas aquele 'pananananãããã', de fato me 'aperriou'.

Sabe, gente. Eu sou de Goiânia. E nossa cidade, bem... minha irmã está certa, ela é uma cidade do interior grandona. Eu nunca fui acostumada a ver tanto show de gente tão legal em tão poucos dias. Deslumbrei. Falei. Lenine, Maria Rita, Nação Zumbi com Siba e a Fuloresta, Caetano, Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Elba Ramalho. Agora, ver os grupos de coco que eu só conhecia de ouvir, juro que nem de ver; entender o que É o coco, culturalmente falando, praquele povo. Meu Deus. Muita emoção musical e antropológica.

Mas, afinal, é pra falar do carnaval 2010, né dona Nádia. Bom, a verdade é que sai de lá em 2009 com a certeza de voltar em 2010. E eu tenho a chatice ou virtude de ficar tentando convencer as pessoas a compartilhar comigo o que EU acho muito legal. Os Passarinhos também, na verdade. E por isso esse ano, foi diferente! Pai, mãe, irmão, namorada dele, tia, amigas, amigos-parceiros dos passarinhos, passarinhos (menos a sem graça da Iúna).. enfim! Éramos 17! Talvez dedicaria umas linhas pra falar do prazer que é viajar com a Michelle, ou companheirismo que é estar com a Paulinha ou do fogo-no-rabo de mamãe em Olinda. Mas são 17 pessoas e não dá.

Bem, quarta-feira, já éramos 14. A cidade já estava em carnaval. Claro, ela estava desde o reveillon. Mas sabe, ir em frente à prefeitura, os mamulengos acabando de serem montados, os blocos já estão nas ruas, os bonecões também, e claro, os latões skol a R$2,00 (saudades, Pernambuco!). Eu tava mais feliz de estar com aquelas pessoas ali, e ir mostrando as coisas, porque eu, muito abusada, sempre me sinto uma local nesses lugares. Ver o mar de Olinda. Ah, o mar de Olinda! Maravilhoso do Alto da Sé, muito fedido e feio do Fortim, e perigoso de qualquer praia por ali (tubas... os tais tubarões). De noite, chegamos atrasado pro show do Siba. Sem chorar, sábado tem mais. Bem, pelo Fortim (não leia fortxim, que nem goiano, mas fortim, com tê de rato), onde acontecem principais shows de Olinda, a coisa ainda tava transitável, você podia ficar perto do palco e logo de entrada: SpokFrevo. O jáz (jazz, como eles falam) com frevo; o erudito mais popular que há. Os metais com maior malemolência do mundo. É de ver, de bater palma, de dançar, de babar. E o Carlinhos Brown depois... bem, aquele seu axé, seu cocar, e seu repertório tribalistas me fez correr pro Xinxim da Baiana. O forró de toda quarta-feira com Quarteto Olinda.

Sabe aquele CD furado de tanto ouvir? Eu sou péssima em decorar letras, mas juro que sei muitas do Quarteto Olinda, e melodia de todas. Sabe ter muita vontade um ano todo de um forró daqueles. Pois bem, eram eles, ali, no lugar bem aconhegante. Até dar meia noite e não parar de entrar gente. Chegamos, estava vazio, encontramos alguns coquistas conhecidos e me senti em casa. Tirei a sandália e rodopiei o salão inteiro. Eu me entreguei ao forró, ao chão sujo, à rabeca, e até a porcaria da cerveja Nobel, que me rendeu ressaca na Ilha de Itamaracá no outro dia. A ilha é linda. Mesmo. Ainda mais depois de dormir um tempo por lá, beber uma coca, superar a ressaca e começar o dia.

Praia não tem muito o que falar né. Pensou? É isso aí. Mas tem algo diferente que quero falar. Imagine alguém que vá pela primeira vez ao Rio, em Ipanema. Lógico que pensa: imagina o Tom Jobim aqui, sentado ali, bebendo, falando de mulher e compondo. Você nunca veria isso. Óbvio. Mas imagine só. Ouvi a palavra Itamaracá pela primeira vez nas cirandas de Lia. Seria demais ver a Lia, na praia em Itamaracá com crianças coloridas dançando ciranda e ela cantando né? E não há de ver que a dona Iemanjá tava lá, desse jeitinho, gravando pra Band. Sensacional. Mas minha disposição toda, aquela menina esbanjando energia começou a mudar no início da noite dessa quinta. As dores nas pernas pareciam não corresponder ao tanto de forró da noite anterior. A indisposição não batia com a ressaca que já era pra ter passado. Mas foi nessa noite mesmo que descobri que não era dor de forró, nem ressaca.

Um comentário:

  1. Adorei o suspense no final. Se fosse uma novela mexicana, agora o dublador do Fernando Colunga estaria dizendo: "A seguir: Cenas do próximo capítulo."

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